Vivendo intensamente o Ano Santo Jubilar da Esperança iniciado no final de 2024 pelo Papa Francisco e, com a sua Páscoa definitiva,  continuado em 2025 pelo Papa Leão XIV,  providencialmente celebrando os dez anos da profética Encíclica  “Laudato Si “, somos chamados  a  comunicar este amor misericordioso de Deus, num encontro fecundo da Igreja maternal que se aproxima dos seus filhos, os abraça ,especialmente os mais necessitados e sofridos, os mais pobres e desamparados, os mais pecadores e perdidos, para libertá-los e promovê-los , no resgate de sua dignidade de filhos do Senhor, no sentido de uma ecologia integral. “A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade”” E se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus” (Mensagem do Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais).
Nesta perspectiva da Esperança amorosa que assume a vida do outro e do mundo para redimi-los e salvá-los, estendendo as graças do Mistério Pascal de Cristo a todas as pessoas e realidades, a Igreja missionária no Brasil (CNBB) organiza , há várias décadas, a Campanha da Fraternidade, refletindo, conscientizando, partilhando as  temáticas que envolvem a relação do homem com Deus, dos homens entre si e dos homens com a natureza; VENDO , com a colaboração das ciências específicas, os desafios para a realização da justiça e do Plano de Amor de Deus; JULGANDO à luz do Evangelho, da Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, com a  palavra do seu Magistério ; AGINDO ,através das propostas e linhas,  projetos  e gestos concretos; CELEBRANDO sempre na caminhada eclesial na purificação continuada de um testemunho da manifestação misericordiosa do dar a vida pela libertação dos  irmãos, o que prepara penitencialmente o coração de todos nós ,cristãos, para a  vitória da Ressurreição do Senhor no chão de cada história e de cada comunidade.! Neste sentido, sua temática  refletida e proposta concreta se estendem por todo o ano e por toda a missão permanente da Igreja.
O tema escolhido neste ano foi “FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL” , com o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31)).Neste objetivo é ricamente uma campanha que busca a justiça socioambiental. em plena comunhão com a Encíclica LAUDATO SI  (Louvado Sejas) e a sua atualização, a “Laudate Deum”, ambas do mesmo saudoso Papa Francisco,  aprofundando o sentido da nossa corresponsabilidade humano-cristã pelo meio ambiente, unidos todos, cristãos e não cristãos e todos os homens de boa vontade por uma mesma causa  – a preservação do planeta – a nossa casa comum. O EVANGELHO DA CRIAÇÃO (LS Capítulo 2) , o universo fala do mistério da grandeza de Deus ,questionando o ser humano e convidando-o, na contemplação, a reconhecê-lo! (cf. Sb 13,1-9; Rm 1,19-20). Cada criatura traz uma mensagem e vive em ligação com os demais seres.   A sabedoria da Revelação bíblica confirma a Revelação natural e  a aprofunda com a apresentação do Plano de Deus. A Fé nos oferece, assim, uma visão muito mais ampla e rica sobre a natureza, o universo, o homem e o verdadeiro sentido de sua harmonia e felicidade. Jesus é o nosso modelo de relação ecológica de cuidado, amor, respeito, libertação, equilíbrio… Estamos experimentando a “crise do antropocentrismo moderno” radical. O homem tornou-se dominador de tudo ,explorador, violento, destruidor… Precisa aprender a cuidar.
Nada neste mundo nos é indiferente: tudo está em relação, “tudo está estreitamente interligado” ( LS 16), afirma o Papa que deu a vida pela proximidade de comunhão e amor a todos.  Por isso ,devemos promover uma “CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA  INTEGRAL”( econômica, social, cultural, humana ( LS Capítulo 4). Não basta simplesmente o esforço de cuidar da natureza , a ecologia ambiental. O “relativismo prático” exerce uma forte influência ,gerando a mentalidade de não se importar com as consequências sociais do próprio comportamento. O resultado disto é o desequilíbrio ambiental e social : a crise climática global e poluição do ar, o inadequado tratamento do lixo com a contaminação, a cultura do descarte, fruto do consumismo, perda da biodiversidade, a escassez de água potável e poluição de mares e rios, ameaças aos mananciais, a guerra hídrica, desgaste da qualidade de vida humana e indignidade social, falta de equidade, num desequilíbrio econômico( LS  Capítulo 1).Também a tecnologia, com suas inovações e conquistas científicas, que revela a inteligência , a criatividade e capacidade do ser humano,  quando é desordenada gera a morte e a manipulação da vida,  bitolando a sociedade numa visão de “globalização” que provoca a corrida pela produção ,lucro, consumo, causando a injustiça ,violência , a exclusão, a desigualdade social   ( LS Capítulo 3). Esta é a raiz humana da crise ecológica. É necessário resgatar o sentido da dignidade do trabalho que não é só produção. Uma visão ampla de ecologia deve valorizar fundamentalmente o ser humano.
Devemos nos deixar guiar pelo princípio do Bem Comum, para cuidar do todo, considerando a dignidade e a vida do ser humano no centro  da “ecologia integral”. Todos temos uma séria responsabilidade para com as gerações futuras. Podemos relembrar o que brilhantemente nos diz a Constituição Pastoral GAUDIUM ET SPES do Concílio Vaticano II: “As alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS 1). Para que haja esta solidariedade universal, esta comunhão no sentido de defesa da vida e da casa comum, é necessária uma “CONVERSÃO ECOLÓGICA” (Capítulo 6) em vista de nossa harmonia, bem estar, paz social, alegria, segurança, qualidade de vida… É urgente investir numa educação e espiritualidade para a aliança entre a humanidade e o meio ambiente. E o Papa Francisco apresenta algumas linhas orientadoras da ação ( LS  Capítulo 5): investir em mais diálogo sobre o meio ambiente na política internacional; também  quanto a novas políticas nacionais e locais, com debates sinceros e honestos, amplos, em todos os níveis da vida social, econômica e política, para a plenitude humana, que estruturem processos de decisão transparentes , sem colocar em primeiro lugar a visão dos interesses; a Política não deve estar submissa à economia; as religiões tem uma contribuição a dar em diálogo com as ciências. É necessário promover e apoiar ações efetivas que visem à mudança do modelo econômico que ameaça a vida em nossa casa comum; desenvolver as pastorais e movimentos socioambientais, numa atuação socioeducativa.
Uma boa inspiração e base para a contribuição da nossa Igreja (CELAM, CNBB, CEAMA, REPAM)  para a COP 30, Conferência Internacional das Nações Unidas, com representantes de quase 200 países que discutirão metas e estratégias para o enfrentamento das mudanças climáticas, em novembro deste ano, em Belém do Pará, pela primeira vez na região amazônica.
São Francisco de Assis nos deixou um maravilhoso exemplo de contemplação, humildade, respeito, de fraternidade, de amor aos pobres, ao mais frágil, de solidariedade, paz ,alegria, sobriedade e harmonia, na comunhão com todos os homens e todas as criaturas. Ele repercutiu o modelo de Cristo que deve ser seguido por toda a Igreja  no Louvor constante e cotidiano da vida misericordiosa…
“…para que venha o vosso Reino de justiça, paz ,amor e beleza. Louvado sejas! Amém.” ( Oração Final )

Pe. Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça
Chanceler da Diocese de Nova Friburgo