“Eu sou a Videira , vós sois os ramos” (João 15, 5). Não basta balançar os ramos, levá-los para casa. Não somente aclamar o Senhor com o louvor, com o Hosana. É preciso ser um ramo enxertado á Videira que é Cristo. Enchermo-nos da seiva da Sua graça, para crescermos espiritualmente e darmos frutos. E frutos que permaneçam, diz Jesus. Não unicamente testemunhar Sua entrada em Jerusalém, mas deixar que Ele entre no triunfo do amor em seu coração, ensinando-lhe o despojamento e a bondade do verdadeiro Reino do Pai.
Se não estivermos ancorados no Senhor, alimentados por Ele, não conseguiremos cumprir a nossa missão de ser sal da terra e luz do mundo, perseverantes como peregrinos da esperança, missionários da caridade, propagadores da fé, promotores da justiça e da paz.
Não adianta só participar da santa ceia e ter os pés lavados pelo Mestre da humildade. É necessário levantar-se, com o impulso da conversão, vestir o avental da simplicidade e do amor ao próximo e lavar também os pés dos irmãos, no espírito de serviço fraterno, testemunhado pelo Salvador, como Ele nos convoca a fazer ( cf. João 13,14-15; 34) “Amai-vos uns aos outros , como Eu vos amei”.. A comunhão do Seu corpo e do Seu sangue deve nos conduzir igualmente à comunhão e fraternidade com todos, edificando o corpo sagrado da Igreja, no vínculo da paz , do Espírito, mantendo sua unidade, sem cisões, como a túnica inconsútil do Redentor, na diversidade dos dons, ministérios e carismas ( cf. Efésios 4, 1-16).
Não basta beijar a cruz e chorar emocionado pela Paixão do Deus feito homem que morreu para lavar nossos pecados. É nosso dever de amor, continuar Sua missão, encarnando-nos também na realidade dos nossos irmãos a serem resgatados num mundo de egoísmo, injustiças e degradação, assumindo as suas cruzes, como bons cirineus, dando da mesma forma a vida por eles. “Não há maior amor do que dar a vida pelos irmãos”(João 15,13; 1João 3,16).
Não somente ouvir a Palavra, acompanhando os passos do horto das Oliveiras, dos açoites, do julgamento injusto, do caminho do Calvário, no encontro com Maria , a Mãe das dores, do sofrimento da cruz, da morte, do sepultamento e ressurreição do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele nos olha no fundo da alma e nos diz em silêncio amoroso: “Sigam-me. Eu farei de vocês pescadores de homens” (Mateus 4,19-20). Devemos ser esta Palavra viva anunciando ao mundo a salvação que custou tanto, o sangue, a vida, o sacrifício do Príncipe da Paz, o nosso amado Jesus Cristo. Encontrarmo-nos intimamente com o Senhor como naquele diálogo de segundos infinitos com os olhos da Mãe, permitir que Ele nos transforme, nos restaure, nos ilumine, nos fortaleça com a Sua graça, nos libertando totalmente, para sermos os seus discípulos iluminadores e transmissores da Sua Ressurreição.
Sigamos o Mestre e Senhor, como Maria, a discípula fiel, a Mãe do sim e do serviço missionário, com plena entrega, gerando também o Cristo para o mundo. Enchamos o coração deste Amor maior do dar a própria vida, Amor mais forte do que a morte, que nos revitaliza a esperança da renovação de toda a sociedade, de sua também ressurreição para uma vida verdadeiramente feliz e plena, na vontade de Deus, já sepultados os homens velhos do pecado e do mal e renascidos os homens novos da Graça da Redenção.
